Dia Internacional da Mulher: lutas, desafios e conquistas
Comumente associada a flores e elogios, data está relacionada a busca por direitos e igualdade, além de melhores condições de trabalho
Diferentemente de outras datas comemorativas, a origem do dia 8 de março, quando se comemora o Dia Internacional da Mulher, não foi criada pelo comércio e, sim, por operárias de uma fábrica dos Estados Unidos.
Segundo o professor do Centro Universitário Barão de Mauá Wlaumir Souza, essas mulheres buscavam por salários e condições de trabalho melhores. No entanto, a penalidade para a reivindicação foi a morte delas com a queima da fábrica a mando dos patrões.
“Você percebe a desvalorização da mulher de tal forma que, ao reivindicar algum direito, os patrões pensavam que podiam sacrificá-las impunimente”, afirma.
Apesar da tragédia, esse momento significou um símbolo de resistência, que impulsionou outras mulheres a continuar a busca pela igualdade de gênero. “Elas perceberam um contexto mais adequado para que pudessem solicitar seus direitos”, explica.
Escolha x imposição
Ao contrário do que muitos pensam, o desejo por igualdade vem de longa data. O professor ressalta que as mulheres do passado se submeteram ao homem não porque queriam, mas porque não tinham escolha.
Souza ainda explica que, assim como aconteceu na fábrica, desde a antiguidade, a mulher é punida ao reivindicar algum direito. “A questão é que a mulher sempre foi punida com a morte, até hoje com o feminicídio”, afirma.
De acordo com a especialista em História, Cultura e Sociedade e professora da Barão, Liliane Cury Sobreira (Lila), algumas questões históricas, como o modelo de beleza e força física, foram determinantes para a ideia de superioridade do homem ser propagada e difundida pela sociedade.
“O pensamento machista é cultural e foi normalizado por muito tempo. Há algumas décadas que esse comportamento passou a ser problematizado”, comenta.
Conquistas
No último século, com as lutas pela igualdade e propagação do feminismo na sociedade, as mulheres conquistaram direitos importantes, como o de ir e vir sem a obrigatoriedade da companhia de um homem, ao voto e ao estudo.
Na opinião da professora Lila, apesar de todas essas conquistas, a desigualdade entre mulheres e homens é forte na sociedade. Muitas ainda encontram dificuldades em ingressar no mercado de trabalho ou, até mesmo, em cargos de chefia. “Há divisão sexual do conhecimento e nos salários”, ressalta.
Desafios
Para Souza, além de enfrentar o feminicídio e a desigualdade salarial, as mulheres ainda têm que lidar com a ideia de que precisam ser mães.
Desde a sociedade patriarcal (instituída no Império Romano), o papel tradicional da mulher foi ligado à procriação. “A sociedade cobra a mulher para o casamento, depois que casa, cobra porque não tem filhos. É como se fosse uma obrigação da mulher querer ser mãe”, diz.
Superação
Segundo a professora Lila, promover a igualdade de gênero envolve educação e mudança na mentalidade da população. “Para enraizar a igualdade, é preciso ter um país com leis e oportunidades mais justas”, exemplifica.
Assim como a especialista, Souza diz que a chave para alcançar a igualdade é a educação de gênero nas escolas. “Enquanto não se falar em educação de gênero, nós vamos lutar de forma desigual, porque a cultura é patriarcal e a maioria dos jovens é educada nesse modelo”, comenta.
Além disso, Souza ainda ressalta a importância da igualdade nas tarefas domésticas. “Se a mulher faltou um dia do trabalho para levar o filho ao médico, porque o marido não pode faltar na segunda vez? ”, finaliza.