Canabidiol

Professores do Curso de Farmácia da Barão escrevem artigo sobre a substância poderosa da maconha

Autores: Júlio Cézar Borella, Andrea Queiróz Ungari, Wilson Roberto Malfará, Maria Olivia Barboza Zanetti e Monica Maruno.

 

Cannabis sativa ou Cannabis indica, conhecida como maconha, é uma espécie utilizada pela humanidade desde tempos imemoriáveis. Há citações do uso medicinal desta espécie em obras da medicina chinesa, indiana que remontam à 2700 a.C. 

 

No Brasil, segundo pesquisadores, ela pode ter entrado pelos escravos, ou pelos próprios colonizadores que utilizavam as fibras da planta para fazer cordas e papel.

 

A partir dos anos 1960, com a onda Hippie, se iniciou, pelo mundo todo, uma criminalização e banimento do uso recreativo e medicinal desta planta.

 

Na década de 90 e culmina até os dias atuais, houve o renascimento do uso desta planta e de seus princípios ativos como medicamento.

 

A Cannabis sativa é composta por vários tipos de canabinoides naturais, ou seja, substâncias produzidas pela própria planta, destacando-se o tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD). O THC apresenta efeitos psicoativos e neurotóxicos, sendo a substância que provoca os mais conhecidos efeitos do uso recreativo da maconha: alterações na cognição e memória, euforia, sedação e aumento do apetite. Entretanto, o THC também apresenta propriedades medicinais. Já o CBD apresenta propriedades analgésicas, relaxantes, anticonvulsivantes e, por sua característica antipsicótica, ação protetora contra os efeitos do próprio THC. 

 

O CBD imita a ação de canabinoides produzidos pelo próprio organismo humano que atuam no Sistema Nervoso Central, mais especificamente no sistema endocanabinoide, o qual é responsável por manter o funcionamento do organismo em constante equilíbrio. 

 

Pelo fato do CBD apresentar efetividade terapêutica, não causar dependência e, diferentemente do THC, não possuir as propriedades psicoativas, o seu uso medicinal apresenta um melhor perfil de segurança e de aceitabilidade pelos profissionais de saúde, pacientes, autoridades e pela população em geral. Esta opção terapêutica tem se mostrado muito útil no tratamento de diferentes problemas de saúde refratários aos medicamentos tradicionais, tais como: epilepsia, autismo, vasodilatador intraocular em casos de glaucoma; analgesia em síndromes de dores crônicas (cânceres, esclerose múltipla); inibição de náuseas e vômitos associados aos tratamentos quimioterápicos; reversão do quadro de emagrecimento causado por doenças como AIDS, aneroxia nervosa, depressão severa, cânceres, etc

 

Ainda que considerado um tabu o uso medicinal da maconha e das substâncias dela derivadas, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) regulamentou no dia 03/12/2019, o uso de produtos à base da Cannabis (maconha) no Brasil. Esta regulamentação passará a vigorar 90 dias após a publicação. O novo marco regulatório cria uma nova classe de produtos sujeitos à vigilância sanitária: os produtos à base de Cannabis.

 

A indicação e a forma de uso dos produtos de Cannabis são de responsabilidade do médico. As regras para a prescrição variam de acordo com a concentração de THC.

 

Os produtos à base de Cannabis devem ser dispensados exclusivamente por farmácias sem manipulação ou drogarias, mediante apresentação de prescrição por profissional médico legalmente habilitado e deve ser realizada exclusivamente por profissional farmacêutico, que fará a escrituração por meio do Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC).

 

ESCRITO POR
Rogéria Garcia
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